Dora Kaufman no IA Trendcast: tudo o que você precisa saber sobre Inteligência Artificial

Dora Kaufman no IA Trendcast: A Inteligência Artificial Sem Rodeios
No episódio de estreia do IA Trendcast, recebemos Dora Kaufman, professora da PUC-SP, doutora pela ECA-USP, com dois pós-doutorados e autora de livros como Desmistificando a Inteligência Artificial. Dora é uma das vozes mais lúcidas quando o assunto é IA no Brasil.
Nesta conversa franca e profunda, Dora compartilhou como começou sua jornada com inteligência artificial em 2016, quando percebeu que a tecnologia mudaria o mundo, mesmo antes dela se tornar tema de hype. A partir de um evento internacional nos EUA, mergulhou em um estudo rigoroso que continua até hoje.
Os principais pontos da conversa:
- O que é (e o que não é) IA: Dora explica de forma didática como os sistemas de IA funcionam — e porque eles não são “inteligentes” como os humanos. São modelos estatísticos baseados em correlações de dados, com propósitos fixos, e não possuem cognição, intenção ou compreensão.
- Criatividade humana x produção inédita da IA: Embora a IA possa gerar textos e imagens inéditas, ela não é criativa no sentido humano. Falta estilo, questionamento, intenção. “Ela padroniza. E padronização não é criatividade”, diz Dora.
- O hype da IA generativa: Segundo Dora, o boom de soluções como ChatGPT é alimentado pela disputa entre big techs e pela cobertura superficial da mídia. “Estamos tratando como revolução o que, muitas vezes, é só um novo sabor de suco.”
- Regulação e ética by design: A professora defende a presença obrigatória de equipes multidisciplinares no desenvolvimento de sistemas de IA. Um bom exemplo é a inclusão de médicos no design de tecnologias para hospitais, o que muitas vezes não acontece.
- IA nas eleições e na sociedade: Dora alerta para o uso crescente da IA em campanhas eleitorais e defende uma regulamentação rigorosa combinada com alfabetização digital da população e capacitação dos juízes. “Sem isso, o estrago pode ser feito antes da Justiça reagir.”
- A desigualdade e os três abismos da IA: Ela aponta que a IA tende a ampliar desigualdades entre países, empresas e pessoas. A saída? Políticas públicas sérias, projetos de Estado e uma aposta real na formação técnica.
- Educação e IA: A escola precisa parar de fingir que a IA não existe. Dora propõe mudanças urgentes nos métodos de ensino, avaliação e capacitação de professores. “Hoje, todo mundo usa IA. O problema é que se usa escondido.”
- Infraestrutura e soberania digital: O Brasil precisa investir em data centers próprios e usar sua matriz energética limpa como vantagem competitiva. “Hoje, mais da metade do processamento de dados brasileiros é feito nos EUA. Isso é um risco.”
Um recado final
Dora não faz futurologia. Mas torce para que, nos próximos cinco anos, a IA seja mais bem compreendida e usada com responsabilidade. “Não dá pra ser contra ou a favor da IA. Ela já está aqui. A questão é: o que vamos fazer com ela?”