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Os segredos das marcas de conteúdo

julho 4th, 2017 Posted by Marketing de Conteúdo, Todas as categorias 0 thoughts on “Os segredos das marcas de conteúdo”

O volume de informações que chega até nós hoje é insano. E isso independe de condição ou classe social. Somos bombardeados o tempo todo. Meios tradicionais, novas mídias e dispositivos inundam o nosso dia a dia. No fim, acabamos tendo de exercer um papel que parece simples, mas não é: somos editores (ou curadores) de conteúdo o dia inteiro. Selecionar o que é relevante e o que não é já faz parte da nossa rotina do dia-a-dia.

Se para nós o mundo está complexo, imagine para as marcas. Competir pela atenção das pessoas no mundo digital virou uma tarefa árdua. Neste universo virtual, a briga é mais acirrada do que no mundo real. A disputa por um espacinho no olhar, na consideração do público, ultrapassa os concorrentes. É brigar com o conteúdo do blogueiro, o post da prima que vai se casar, aquele e-mail marketing da viagem dos sonhos.

Por essas razões que o marketing de conteúdo se destaca como uma das estratégias mais fortes para as marcas nos últimos dois anos. Soma-se a isso a mudança de percepção e interação dos usuários com os modelos tradicionais de publicidade. É preciso transformar a interrupção da publicidade em persuasão, em permissão, como diria o guru Seth Godin. As marcas precisam deixar de empurrar a informação e atrair os consumidores pela qualidade e pelo interesse no consumo. O conteúdo passa a ser o intermediário da relação entre marcas e consumidores.

O conteúdo como estratégia

E por qual motivo tantas empresas estão atentas a este movimento? E por qual razão todas querem se tornar marcas de conteúdo? Ter um conteúdo de qualidade, no fim do dia, ajuda a melhorar a percepção de marca, aumenta o valor da companhia, amplia a possibilidade dela ser lembrada no momento de tomada de decisão.

As estratégias de marketing de conteúdo são de extrema importância, mas não adianta fazer o público chegar até você e não entregar informações de qualidade. Trata-se de um composto, ou seja, as duas coisas precisam caminhar juntas, caso contrário, você vai frustrar sua audiência e conquistá-la novamente será bem mais difícil. Em geral, estas marcas também possuem clientes mais fiéis, com ticket médio maior. Então, deixe de economizar onde não deve haver economia: na produção de conteúdo de qualidade.

Content brands ou marcas de conteúdo

marcas de conteúdo

Parece simples. E ainda há uma cultura de que o sobrinho que entende dessas coisas de internet pode fazer os textos para o seu site, produzir um conteúdo de qualidade, que tenha relação direta e seja pertinente para a audiência que se pretende atingir pode ser muito complexo.

Ainda que a exigência do grande público esteja mais frouxa nos últimos tempos, quando se discute a qualidade das informações numa era onde todos são produtores e mídias, tornar-se uma marca de conteúdo, isto é, uma referência em conteúdo requer esforço, investimento e paciência. Se olharmos para as marcas que atingiram este patamar, podemos encontrar alguns pontos em comum:

  • Objetividade – nenhuma estratégia do gênero pode avançar sem que se tenha claro o propósito. Normalmente, o objetivo é vender. E neste caso, quanto mais melhor. Mas não é o vender pelo vender. É conquistar. Porque só assim você vai manter. Escolha para onde a marca quer caminhar, que tipo de perfil de público ela quer atingir e para onde direcionar essas pessoas.
    Se essa estratégia não for bem desenhada, haverá muito esforço, muito desperdício de dinheiro e pouco resultado. Foco é primordial para garantir que seu conteúdo será relevante e não desaparecerá na imensidão de informações a que temos acesso hoje.

 

  • Autenticidade – é preciso acreditar, ser genuíno, legítimo e realmente mais isento em relação ao conteúdo que está sendo produzido e distribuído ao público. Não pode ser algo que não seja transparente, que não permita que a audiência crie algum tipo de identificação com o que está consumindo.

 

  • Sensibilidade – uma das piores coisas para uma audiência – especialmente se ela for qualificada – é perceber o quão publicitário é aquele conteúdo. Nenhum consumidor gosta de ser enganado. Assim como um conteúdo descaradamente vendedor dificilmente terá sucesso. O conteúdo tem de criar laços e conexões emocionais também (e não só comerciais).
    As pessoas precisam ter vontade própria de compartilhar os conteúdos que você cria. Pense na narrativa, na história que está sendo contada, nos recursos usados para levar essa história adiante, no quão educativa pode ser esta informação e de que maneira ela pode entreter as pessoas.

 

  • Tempo – as marcas que obtiveram sucesso e se tornaram grandes referências em conteúdo foram bastante pacientes. Testaram alguns modelos, erraram, ajustaram. Souberam administrar isso e construiram a audiência ao ponto de fazer seu público atuar como advogados da marca (isso é muito útil, por exemplo, em gerenciamento de crise), ou embaixadores da marca (brand ambassadors).
    Construir uma marca de conteúdo leva tempo, é algo de longo prazo e demora a apresentar os primeiros resultados. Ao mesmo tempo, é preciso ter agilidade para perceber o comportamento da audiência e direcionar ou corrigir os esforços de produção.

 

  • Mensuração – saber o que deve ser medido (e como) é fundamental para não cair na armadilha dos dados quantitativos que alimentam os budgets de qualquer organização. E não se trata de ignorar os dados quantitativos. Eles também devem fazer parte do processo.
    Mas tome cuidado para que os números não se sobreponham a informações que vão garantir a qualidade do que está sendo produzido. É pensar diferente e fazer muitos cruzamentos entre as métricas é fundamental para demonstrar a trilha e os resultados obtidos por meio de conteúdo. Sem medir da forma correta, você não saberá se a sua estratégia foi certeira.

Desenvolver informações que sejam úteis e relevantes é algo já incorporado por muitas marcas. Tem bastante gente tentando. Muitas companhias estão errando. Outras em fase de aprendizado. E algumas delas estão se destacando. Elas atuam de um jeito parecido com o das empresas de mídia, os grandes produtores de conteúdo no mundo.

Elas agem como publishers de verdade e ultrapassaram os limites da publicidade, chegando ao ponto de monetizar o conteúdo que produzem. Separei alguns exemplos para você se inspirar.

Quais são as marcas de conteúdo?

Red Bull

Sem dúvida alguma é uma das marcas de conteúdo mais relevantes do momento. E não é de hoje que isso acontece (lembra que falei da paciência?). Em 2012, uma reportagem do portal Mashable já classificada a companhia da seguinte forma: “Red Bull é um império editorial que também vende uma bebida”. Dona de uma espécie de estúdio, a Red Bull Media House, promove corridas de aviões, faz grandes eventos, passando por galeria de experimentações, cultura, arte e música.

Em muitos casos, as iniciativas possuem até cota de patrocínio, o que faz a marca rentabilizar os conteúdos que produz ou, ao menos, dividir os custos com mais alguém. As histórias sempre têm narrativas interessantes. A marca vende um estilo de vida de forma diferenciado por meio de diversas narrativas bem contadas.

Coca-Cola

Uma das maiores e mais reconhecidas marcas no mundo percebeu a importância do conteúdo de qualidade no relacionamento com suas audiências. Ao unificar as marcas de seus produtos, consegue criar narrativas que são universais e se apoiam na rotina diária das pessoas. Mesmo tendo o produto como algo central em suas mensagens – alguém sempre está consumindo a bebida – ele é um item que faz parte de um contexto maior, um componente dos momentos, do cotidiano das pessoas.

Usa o modelo que eles chamam de 70/20/10: 70% do conteúdo produzido é de baixo risco, isto é, consome um esforço menor e garante representatividade e volume, 20% de conteúdo diferenciado, uma iniciativa nunca feita, e os 10% produzindo conteúdos que são extremamente inovadores, com alto risco, mas que podem ampliar não só a visibilidade, mas o engajamento com a marca. O estratégia da companhia pode ser vista aqui: 

General Electric (GE)

A companhia atua em muitos segmentos e principalmente no universo B2B (business-to-business). A inovação presente no espírito da companhia há muitos anos transforma a maneira com que ela se comunica com o mercado. A GE conseguiu expor a sua importância no dia-a-dia a partir de conteúdos bem produzidos, relatórios de mercado. A isenção e a qualidade dos materiais gerou grande credibilidade, tornando a marca referência em muitas frentes de conteúdo.

Lego

Dá pra arriscar que a visão sobre conteúdo foi a responsável não só por tirar a Lego do buraco – há uma década a empresa estava agonizando, à beira da bancarrota – como colocá-la na lista das maiores empresas de brinquedos do mundo. Para tanto, voltou seu foco para o que sabia fazer e criou uma série de iniciativas no entorno da marca, gerando aproximação direta com comunidades de fãs que ajudaram a espalhar estes conteúdos. Foram revistas, mídias sociais, portais temáticos, vídeos, filmes e mais uma infinidade de opções.

LEGO e marcas de conteúdo

Veja algumas das plataformas digitais de conteúdo da Lego:
Lug Brasil
Lego Life
Lego Starwars
Ninjago
Make
Lego Education

Você deve estar pensando: claro que essas marcas fizeram isso. Elas têm milhões para investir em diversas e fragmentadas estratégias. Algumas podem até rasgar dinheiro, errar e começar tudo de novo. Talvez, mas a possibilidade está aberta a todos. Pode-se começar com um blog, pequeno, mas com conteúdo de grande qualidade para uma audiência específica. De um mercado de nicho. O custo de produção e distribuição de informação hoje é muito mais baixo do que foi nas últimas décadas. É só querer fazer. Para ficar em um exemplo:

ContaAzul

A empresa, que teve início como uma startup, desenvolveu um canal que vem se tornando referência para a gestão financeira de micro, pequenas e médias empresas no Brasil. O blog é o centralizador das informações e todo o conteúdo é distribuído por outros canais. A veia educacional também aparece na forma de vários cursos que auxiliam a organizar melhor a sua empresa. 

Content Marketing - pesquisa Hubspot

Content Marketing – pesquisa Hubspot

 

Já ouviu falar em Instagrammable Fitness?

junho 19th, 2017 Posted by Social Media, Todas as categorias 0 thoughts on “Já ouviu falar em Instagrammable Fitness?”

“Criar uma identidade para um representante
do que seria você do jeito que você gostaria
de ser parece a realização de um desejo”
Candice Alcantâra

Escolhi a obra “Cumplicidade Virtual” para contar uma novidade que já anda pegando por aí e fazer um paralelo entre tecnologia e psicologia que, a meu ver, é bastante interessante. Acredite, já é tendência em alguns lugares.

Instagrammable Fitness

As Instagrammable Fitness são instalações com design moderno para atrair uma fatia de público bastante fiel. Os chamados estúdios de fitness “conceito” prometem, acima de tudo, uma experiência esteticamente agradável. Uma nova forma de seduzir o grande público ávido por conceitos que impulsionam motivações estéticas e sociais – tudo ao mesmo tempo. E sem perder tempo.

Pra quê? Simples: juntar consumidores modernos, preocupados com sua imagem transmitida por meio das mídias sociais e, claro, com a boa forma também. Inclusive, já existem exemplos físicos que comprovam o sucesso desta tendência.

No distrito de Flatiron, em Nova York, uma academia de boxe transformou completamente seu espaço – antes masculinizado, um tanto opressor até mesmo para os frequentadores habituais. O “Shadowbox” continua sendo um ginásio, porém bem mais descolado e aconchegante – nada daquele visual de academia Rocky Balboa de subúrbio.

Instagrammable Fitness

O interior calmo e convidativo inspira belíssimas imagens, durante a malhação – não há dúvidas. E os cuidados não param por aí: a seleção musical que acompanha os atletas na casa passa por uma curadoria. As paredes de tijolo originais foram mantidas, contrastando com um teto ornamentado de estanho e uma iluminação remanescente de uma fábrica que ali funcionava, décadas atrás. 

Nem é preciso entrar para sentir o clima diferenciado: a área de boas-vindas funciona como um bar e café, com vista para o ponto principal do ginásio, um ringue de boxe vintage. Não à toa, a academia é chamada carinhosamente de “Boutique Boxing Gyms”.

“É como se todo mundo que um dia falou
que queria ser diferente pudesse ser diferente,
em um lugar distinto, construindo novas relações,
conhecendo novas pessoas
e se comportando da forma que não consegue
por vezes na vida real”.
(ALCÂNTARA, 2013)

The X – Adidas

No “The X”, da Adidas, a gente pode tranquilamente parafrasear aquele antigo bordão de novela: “cada passo é um flash”. Localizado em Londres, o espaço de treinamento para mulheres projetado no Victoria Park é multifacetado e, além de oferecer uma decoração atraente e colorida, ainda sustenta salas para realização de eventos diversos.

Concebido como um espaço “pop-up” itinerante, o The X foi um sucesso total como Instagrammable Fitness: corridas de grupo, sessões de ioga, aulas de boot camp, sessões para apresentações de produtos da marca, jantares e até oficinas de produção de smoothies – as bebidas saudáveis e indispensáveis para os “fitness de carteirinha”. 

“Com certos comportamentos, podemos perceber
o que é importante para os usuários do software
em sua vida fora dele.
Qual a utilidade de vestir uma roupa de grife
e qual a importância de formar novos grupos de amigos?
As mesmas que na vida real: a diferença é que, no jogo,
isso se torna mais acessível e manipulável”.
(ALCÂNTARA, 2013)

E quem foi que disse que esporte e conhecimento não podem dar uma corridinha juntos, lado a lado? Em Nothing Hill, a Gym Library quer provar que sim, é possível. Caracterizado pelos próprios londrinos como “deslumbrante”, o espaço é todo decorado com livros antigos, em capas de couro e peças vintage de treinamento, que contrastam com os equipamentos ultramodernos espalhados pela casa.

A Library funciona quase como um clube exclusivo. E, segundo seus proprietários, a ideia era justamente tirar aquela ideia de “adrenalina” do ambiente, transformando-o em um lugar belíssimo, aconchegante – o que pode modificar totalmente a experiência de seus sócios já no momento da adesão.

Antes de ser reinventada, funcionava na ampla construção uma lindíssima sinagoga. E muitos detalhes dela foram preservados.

As academias das grandes marcas

E para quem achou tudo isso um pouco demais, deixo ainda mais uma: o Nike Crystal Coliseum, em Toronto, Canadá, que nada mais é que uma academia flutuante. Isso mesmo: uma barcaça flutuantes que foi reaproveitada pela marca, em pleno Lago Ontário. O estúdio especial é direcionado às mulheres e se destaca por ser muito arejado e repleto de luz.

São 33 níveis de treinamento, ancorados por professores renomados de toda a América do Norte. E, claro, os grandes lançamentos em calçados e vestuário especializado totalmente disponíveis para as exigentes clientes.

Mas como nosso papo aqui não trata (apenas) de decoração, seria legal fazermos uma associação de todas estas tendências aqui apresentadas com números interessantes e padrões diversificados de comportamentos.

É sedutor, interessante, quase irresistível a um público que se acostumou a dividir seus progressos físicos com a família e os amigos – além dos nem tanto – perder cenários como esses e não registrá-los em suas redes pessoais.

Mas tudo isso está longe de ser uma invenção das Instagrammable Fitness, ou academias boutique: desde que o mundo é mundo, todos sonhamos com uma vida perfeita, sem problemas, com nossos objetos “necessários” ao consumo, pessoas à nossa volta, lugares bonitos pra se estar e viver, saúde, felicidade. E, se o cenário der aquele empurrãozinho na “venda” deste conceito para os nossos seguidores, por que não aquela foto, com aquele filtro especial, naquele momento em que suor e o desgaste, aparentemente, estragariam o registro?

Por que fazer isso no Instagram?

E o Instagram é o lugar perfeito pra isso! Criado em 2010 por um norte-americano e um brasileiro, a plataforma foi vendida para o Facebook dois anos depois. O seu embrião, chamado Burbn, já atraiu cerca de US$ 500 mil em investimentos logo de cara – mesmo com vários problemas técnicos. Desenvolvido inicialmente apenas para o sistema operacional iOS, logo ganhou o mundo com suas aplicações de filtro, curtidas, comentários e angariou cerca de 1 milhão de usuários em questão de meses.

E o que mais pode reunir um sem número de pessoas em volta de uma comunidade virtual do que a possibilidade de ver e ser visto? Do que a vaidade humana?

Em abril deste ano, o Instagram anunciou mundialmente a meta atingida de 700 milhões de usuários ativos – e 100 milhões de “instagrammers em ritmo acelerado”. Seja lá o que isso queira dizer exatamente, desde que foi parar nas mãos de Mark Zuckerberg, a rede social explodiu em acessos.

Instagram X Snapchat

Nos últimos dois anos, pra ser mais exata, o número de usuários da plataforma dobrou. Naturalmente, os administradores associam o sucesso à usabilidade, simplificação e aprimoramento do aplicativo. Vídeos, histórias ao vivo, mensagens diretas – o que acabou desbancando seu principal concorrente, o Snapchat. Aliás, lembra dele?

Para aumentar a fidelidade de seus usuários, o programa agora pode ser usado também off line – o que foi carregado enquanto se estava conectado a uma rede poderá ser acessado. E as curtidas, comentários ficarão ali registrados e postados, para quando ele novamente se conectar. Em resumo: tentador não observar os movimentos de longe.

Mas o sucesso absoluto do Instagram (e das Instagrammable Fitness), como vimos acima, vai além da sua simplicidade no uso: tem a ver com o narcisismo humano, com razões que talvez só a psique conheça. Um certo hedonismo onde a dor dá lugar ao prazer, as lutas se escondem atrás de felicidade. Um lugar onde a satisfação e a autorrealização estão acima das necessidades reais.  E o egocentrismo, que tem se tornado quase uma doença social, é sintetizado e exposto. Com filtros.

O carro autônomo no centro da discussão em 10 fatos

junho 5th, 2017 Posted by Mercado, Tecnologia, Todas as categorias 0 thoughts on “O carro autônomo no centro da discussão em 10 fatos”

“A paixão do brasileiro”. Poderoso ícone da modernidade, o automóvel esteve presente na paisagem, interferindo em costumes, pontuando estilos de vida e escancarando comportamentos. Por mais que o ser humano tente negar, temos uma relação especial com carros (os brasileiros em especial).

Ele ainda continua sendo um direcionador de tecnologias. Assim com foi com o Fordismo – que criou uma nova lógica de sistema de produção em massa em 1913 em um modelo criado e popularizado por Henry Ford – agora voltamos a usar o automóvel como referência tecnológica nesses últimos cinco anos.

O carro autônomo

E tudo isso por conta dos carros autônomos (ou self-driving cars). Apesar das primeiras iniciativas, ideias e experiências remeterem aos idos da década de 40, foi a partir de 2007 que o tema ganhou mais força por conta do grande impulso global de tecnologia em diversos setores da economia e, claro, o automotivo não poderia ficar de fora desse movimento.

Vieram diversos recursos que modernizaram a parte mais técnica dos automóveis. Os motores passaram a contar com milhares de sensores e componentes eletrônicos (hoje nem se pratica mais o “dá uma lavadinha no motor” comum na década de 90). A tecnologia foi incorporada e unida ao conforto interno. Muitos botões, milhares de mecanismos de controle de som, integração com smartphones, sistemas inteligentes de avaliação das condições do carro.

Se não está familiarizado, trata-se de um carro que dirige sozinho, sem a necessidade de comandos manuais de um indivíduo. São compostos de computadores e sensores que interpretam as informações do ambiente para guiar o veículo automaticamente – desviando de obstáculos, trânsito, controlando a velocidade e determinando o melhor trajeto a ser seguido.

O assunto é tão amplo que pode – e vai, aqui em diversas oportunidades – ser tratado a partir de muitos pontos de vista. Psicológico no que tange à relação das pessoas com seus carros. No aspecto da mobilidade urbana. No impacto financeiro e econômico por conta da movimentação da indústria de produção. Na vida profissional – a produtividade vai se modificar, quando consideramos que podemos realizar atividades enquanto nos locomovemos. Sem contar que, por mais que haja grande discussão sobre a relevância social do automóvel, essa indústria ainda movimenta trilhões de dólares pelo mundo.

A parcela das vendas globais de veículos autônomos, segundo a EY (antiga Ernst & Young) deve chegar a 75% do total em 2035. Ainda de acordo com levantamento realizado pela empresa, de 2025 a 2030 o crescimento das vendas saltará de 4% a 41%.

E há uma imensa corrida, em diversas partes do mundo. Empresas de muitos segmentos avançam rapidamente seus projetos para estarem um passo à frente quando os aspectos legais e sociais estiverem definitivamente mais bem resolvidos.

O estudo da Deloitte “O futuro da mobilidade” mostra também uma estrutura para a evolução da mobilidade pessoal e trata da extensão da propriedade dos veículos versus a partilha (compartilhamento), na medida em que os veículos são controlados pelos seres humanos e quando isso acontece pela tecnologia.

Em resumo, vai mexer com muita coisa. O cenário deve ser modificado e sofrer o que os estudiosos convencionaram chamar de disrupção. A McKinsey estima que até 2030 – isso, logo ali, em 13 anos – resolvidas algumas questões tecnológicas e regulatórias, 15% dos carros novos vendidos serão autônomos.

A mesma consultoria aponta 10 maneiras pelas quais os carros autônomos vão redefinir toda a indústria automotiva.

Coloque nessa conta outro item que precisa ser considerado. Apesar de a revolução automotiva a ser promovida pelo carro autônomo ser encabeçada pelas grandes montadoras tradicionais, o processo de desenvolvimento dessas novas máquinas estão vindo de todas as parte. Do Google e Apple ao Baidu e Samsung, passando por Uber.

10 fatos sobre o carro autônomo

Para começar, porém, levantamos 10 assuntos que mostram o quão relevante esse assunto é e ainda vai se tornar nos próximos anos. E vamos além da indústria dUma tendência que já ganha contornos de viabilidade real. A bola está quicando. Mas para dar o chute e fazer o gol, será preciso ainda ultrapassar questões bem mais complexas. Algumas delas, inclusive, são os motivos pelos quais ainda não temos carros autônomos circulando livremente pelas cidades no mundo.

  1. Motorista torna-se passageiro

Será que os condutores querem perder o controle do automóvel? A troca de marchas, a sensação de liberdade tão vendida pela publicidade ao longo dos anos, o cuidado interno e externo como se fosse um filho. A relação entre o indivíduo e o carro é um composto de uma série de fatores e interferir nisso pode levar algum tempo. Especialmente nos países em desenvolvimento – como o Brasil – que ainda têm no carro um sinônimo de status e sucesso. Ao mesmo tempo, talvez tenhamos uma das últimas gerações de classes média e alta aptas a adquirir automóveis que ainda efetivamente se importam com carros – seja por paixão, por status ou qualquer outro motivo. Podemos começar a imaginar um fim do culto ao carro nas novas gerações que chegam ao mercado e que já começam a ganhar poder de compra – e serão os principais consumidores no futuro. Nessa transição começa a ganhar peso o car sharing (carro compartilhado). O sucesso da iniciativa da funcionalidade “pool” fornecida pelo Uber, em que um passageiro pode escolher dividir a corrida com desconhecidos que estão indo para a mesma direção, está aí para comprovar. Mas o compartilhamento é tema para outro artigo.

  1. Transformação da mobilidade urbana

Um dos maiores problemas das grandes cidades está no tempo e no custo que se perde em deslocamentos. A falta de infraestrutura de transporte e de planejamento de crescimento em muitas delas acabam tornando o trânsito caótico e gerando diversos outros problemas no paralelo. A inteligência e tecnologia disponíveis nos carros autônomos podem ajudar a organizar essa bagunça e aprimorar os sistemas de controle de tráfego existentes. O movimento pode até mesmo colaborar para reduzir o número de acidentes de trânsito em diversos lugares do mundo. Os carros autônomos exigirão, ainda, uma infinidade de alterações nas legislações de trânsito vigentes em cada cidade, estado ou país.

  1. A segurança em xeque

Aqui, podemos falar sobre dois aspectos. O primeiro está relacionado ao fato de que, a partir do momento em que tudo – ou quase tudo – passa a ser controlado por máquinas e computadores, aumenta a suscetibilidade e vulnerabilidade de ataques hackers que promova uma verdadeira anarquia em todo o sistema de tráfego e ainda prejudicar a segunda parte desse tema que é a segurança dos motoristas. Os robôs responsáveis por conduzir esses automóveis são capazes de identificar e fazer as melhores escolhas em uma situação de risco? Entre bater forte e ferir gravemente ou matar o motorista e atropelar pessoas, qual seria a opção da máquina? Mais do que isso. De quem é a culpa nesses casos, do dono do veículo ou do fabricante do carro? Certamente, sob esse ponto de vista, o mercado de seguros automotivos vai ser completamente repensado.

  1. Deficientes visuais ao volante

A locomoção de deficientes visuais pelas cidades – principalmente nas grandes – é sempre muito complexo. Além da incapacidade física, ele ainda sofre com a necessidade de contar com infraestrutura adequada. Os carros autônomos vão facilitar uma boa parte desse processo e limitar a dependência que os deficientes visuais possuem de terceiros em seus deslocamentos.

  1. Impacto na produtividade

Apesar de campanhas, leis e multas mais severas, os motoristas continuam arriscando suas vidas ao dirigirem e mexerem no celular ao mesmo tempo. A vida moderna e os hábitos criados de se olhar mais de 70 vezes o celular ao longo do dia fazem com que o tempo seja a moeda de troca mais cara da atualidade. As pessoas querem resolver tudo ao mesmo tempo, executar muitas funções simultaneamente. Se isso é bom ou ruim, se a gente dá conta ou não, é outra discussão. Mas trata-se de um fato. A partir do momento em que podemos realizar diversas atividades sem nos preocuparmos em olhar para a frente, em prestar atenção no trânsito, isso trará um impacto significativo na forma como as pessoas trabalham ou se relacionam.

  1. Transformação de mercados

Assim como o Uber – inclusive a empresa vem negociando lotes de carros autônomos desde que ganhou escala pelo mundo – modificou o negócio de transporte privado individual ao redor do globo. O carro autônomo vai provocar mudanças profundas também no segmento de motoristas profissionais, de táxis e nos negócios das locadoras de automóveis.  

  1. Novos ambientes

A partir do momento em que o automóvel não exige mais interação, influência ou comando humanos se locomover, o interior dele deve se transformar de maneira significativa. A diferença passará a ser a função determinada para o carro pelo proprietário, se para uso comercial ou pessoal. Com a possibilidade de ampliação do ambiente, os carros podem se tornar salas pequenas de estar, lugares para reuniões de executivos, ou até mesmo um quarto no caso de viagens longas, por exemplo, em que o proprietário pode descansar e dormir ao longo do trajeto.

  1. Jogo de xadrez dos players

Como o processo de evolução não está sendo conduzido somente pelas montadoras tradicionais de automóveis, vamos encontrar diversas junções de empresas de diversos segmentos. As companhias de base tecnológica estão se movimentando. Mas outros fabricantes e fornecedores de segmentos variados começam a olhar com mais atenção para o tema. Veremos, ao longo dos próximos anos, fusões, aquisições, joint-ventures sendo formadas. Serão peças fundamentais para que cada um conquiste sua fatia do bolo.

  1. Consumo e meio ambiente

Toda a inteligência embutida nos veículos do futuro certamente considera o uso apropriado do carro autônomo de forma a conservar o veículo e não só reduzir o consumo médio (de combustível, óleo, pneus, entre outros itens) como também minimizar a emissão de poluentes. O investimento da indústria segue nesse sentido, o que será convertido em ganhos para o consumidor que, cada vez mais, também passa a considerar a sustentabilidade um item importante na decisão de compra de bens (duráveis e não-duráveis).

  1. A vez do transporte público e da logística

Não podemos nos restringir somente aos veículos leves quando falamos de carro autônomo. Já existem diversas experiências conduzidas que consideram o transporte público (ônibus autônomos) e até mesmo caminhões autônomos. Isso vai causar impacto direto na locomoção não só de massas de pessoas em seus trajetos diários como também a movimentação e transporte de mercadorias das companhias de todos os setores da economia pelas estradas.

No fim das contas, as estruturas estão se consolidando e há muitas iniciativas prontas e em fases de testes. Muitos dos fabricantes afirmam já ter seus modelos preparados para comercialização. Questões éticas e de regulamentação ainda emperram e impedem que muitos dos carros autônomos já desenvolvidos estejam rodando nas ruas. Mas aquela fantasia de desenhos e filmes antigos sobre os carros voarem, inclusive, pode nem estar tão longe assim quanto pensamos.

Links de referência
Self driving cars – MIT
Carro autônomo Tesla
Carro autônomo Google